Sei bem o que me rouba as noites. Sei o som das estrelas quando não estás. A queda implacável da lua, prisioneira do meu relógio, enquanto os cães uivam ao vento e os carros passam, seguindo a pressa da estrada.
Sei bem as palavras que não me deixam dormir. Ecoam nas paredes do quarto. No risco dos dedos. Na janela entreaberta.
Sei bem o segredo dos dias…
Os círculos que desenho no vazio, entre o fumo de um cigarro aceso e o frio do mosaico nos pés descalços. Ando às voltas, sem sair de onde parti, sem respostas para as perguntas, presa no que não quero saber…
Tenho ainda fome do mundo. Tenho a alma cheia de não sei o quê, o peito a explodir de raiva, de electricidade. Não consigo controlar esta energia que me cresce nas entranhas, os volts que me explodem nas mãos e que eu nunca sei a quem posso dar… Guardo-os. Desperdiço-os. Magoam-me. Destroem-me. Roem-me os sonhos e os planos. Matam-me devagar…
E se me perguntarem porque continuo a sorrir só posso responder que é por mim…
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