quinta-feira, 26 de junho de 2008

Sweet & Sour


A vida é cheia de surpresas. De coisas boas e más. De miminhos e pontapés.... Eu sigo a teoria de lidar com o que aparece, de abraçar quem te dá miminhos e de fugir (ou lutar) contra quem te magoa... A vida é cheia de momentos sweet & sour e nunca precisaremos de os criar num momento de calmia sentimental. Precisamos do doce, claro, para nos dar alento a seguir viagem. Precisamos de momentos azedos para sabermos saborear o que de bom tem a vida. Mas... Criar de propósito pedras no nosso caminho só para depois as podermos saltar? Parece-me mal. Aliás, parece-me de tolos, ou de quem não viveu o suficiente para aprender a esperar. Para aprender que crescemos com o que de mal nos acontece mas também que ficam cabelos brancos e noites mal dormidas como recordação... Para aprender que a vida já tem tempero suficiente, o q.b. de sweet e sour... para insistirmos em adicionar temperos...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Jovem agricultora



A uma semana de ir embora continuo a desvastar a selva tropical que é o meu jardim. Espero acabar antes de Sábado... Depois de (mais) uma semana invernosa na bela terrinha de Treforest, o que eu mais quero é sol e praia! E descanso, se possível, que isto de ser jovem agricultora tem as suas mazelas:)

domingo, 27 de abril de 2008

Folhas soltas

De todos os livros que li, ficou-me a saudade das palavras.
Das palavras reais.
Do percurso destas no silêncio do eco.
Do seu caminho ondulante a sair dos lábios, a entrar por mim, a colher sorrisos.
De todos os livros que li, ficou-me o sabor a pouco dos gestos.
Faltou o toque.
A textura da pele na ponta dos dedos.
O calor dos outros...
Em todos os livros que li aprendi outros mundos.
Faltaram os meus.
Busquei-os....
De todas as páginas corridas na sofreguidão do desenrolar ficou a página dobrada quando o livro me caiu do colo.
Ficou a mancha de café derramado impressa para sempre...
De todos os livros que li, ficou o vazio eterno da tua ausência...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

The little things give me away...

Eu devia dar mais atenção às palavras.
Não aos gestos.
Não aos olhares que se cruzaram num milésimo de segundo da realidade ou numa porção mínima de tempo da minha imaginação.
Eu devia dar mais atenção às palavras.
Devia escutar os discursos bonitos, perder-me nas perguntas estudadas, nos interesses vulgares. Devia, acima de tudo, ignorar o que os gestos mostram, as acções dizem, os olhares calam.
Deveria, sem dúvida, esquecer-me do que vejo, do que sinto, do que sou...
Eu devia dar mais atenção às palavras...

sábado, 5 de abril de 2008

Voar


Sentada numa cadeira no aeroporto de Maastricht, enquanto espero pela hora de embarque para Amesterdão, constato que tenho uma vida maravilhosa. A possibilidade de viajar pelo mundo, de conhecer lugares e pessoas, culturas e línguas... E, nestas viagens solitárias, descubro que não tenho amarras... Não, apesar de tudo o que deixo para trás, da dor da saudade quando o coração pára para pensar... Mas o que fica vale a pena. E vale a pena deixar para trás o chão seguro, os portos estáveis e rotineiros. Voar. Bem alto. Bem longe. Sabe tão bem voar... E, quando volto, quando pouso novamente os pés em terra, meus horizontes aumentaram, meu mundo abriu-se dentro de mim. Ou abri-me ao mundo para receber tudo o que tem para me dar. Não me quebro por religiões. Morais. (Pre)conceitos. Vivo os meus dias com a certeza do presente, a incerteza do que me espera amanhã. E há tantos amanhãs à minha espera... E hoje sou feliz.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A queimar os últimos cartuchos


As aulas acabaram hoje e, a dois dias de ir embora... eu não quero! Quero antes ficar aqui, não ter que cozinhar, nem limpar, nem correr para apanhar comboios todos os dias. Quero a boa vida! Snif, snif...
Fiz anos aqui e a Leah também. Desde o fim-de-semana passado que temos andado a comemorar... O que significa que todos os dias (ou quase todos) temos saído, ou para beber uns copos nos bares ou para comer pizzas no take-away da esquina. Tem sido giro. E gostei imenso da minha pseudo-festa de anos...
Bem, vou arranjar-me para sair, hoje é noite de queimar os últimos cartuchos e, amanhã, noite de fazer as malas... Com mais algumas experiências na bagagem... I'm going home.

sábado, 22 de março de 2008

Neva em Maastricht... (e neva dentro de mim)



Já me disseram muitas vezes que é bom ser assim. Lançarmo-nos à aventura sem olhar para trás. Deixar o que temos (ou não temos) e correr mundo em busca dos sonhos... Não em busca do que somos. Isso, presume-se, já o encontrámos há muito... Mas por vezes o corpo cansa-se, as botas gastam-se em caminhos e caminhos, e perdemos a fé no que queremos. E por vezes queremos colo. Um lar. Um abraço amigo. Ou simplesmente deitar a cabeça na almofada e pensar em nada... Falta-nos a força para seguir, talvez porque a meta se tornou difusa no horizonte, ou simplesmente porque mudamos de rota a meio do percurso sem darmos por isso. Talvez as mãos estejam agora cheias de pó, em vez de sonhos... Talvez porque o que traçamos no papel fale de nós, e nós somos sempre mais um ou mais muitos, e nunca poderemos desenhar nosso percurso sozinhos. Eu proclamo que não preciso de ninguém (e por vezes preciso...). Nostalgias em Maastricht talvez não fosse o traçado no início da viagem... Mas acontecem. E acontecem sempre, quer estejamos longe ou perto, na nossa casa ou num quarto da residência de estudantes. Resta-nos fechar os olhos e acordar mais felizes, e preparar as armas para o dia de amanhã. E, já agora, esperar mais um pouco pelo abraço quentinho daqueles que nos são queridos...

domingo, 16 de março de 2008

Ode to my friends

Diz-me outra vez o teu nome
que o deixei esquecido, perdido
em qualquer lugar sombrio

Diz-me outra vez o teu rosto
que, de tantas voltas que dei,
se esbateu na memória dos passos

E diz-me outra vez os teus gestos
que, de serem raros,
nunca os soube e nunca os tive,
mas marcaram a mágoa das viagens....

Brussels, capital da Europa


Entro num comboio às 7 da manhã, o que significa que me pus a pé às 5... Nem deu para tomar o pequeno-almoço, nem para avisar o cozinheiro que vamos estar fora o dia todo.... Ups. Chegamos a Bruxelas às 9 da manhã, uma manhã triste e chuvosa, cheia de vontade de voltar para a minha caminha e de beber um café quentinho. Às vezes achamos que as diferenças culturais são mínimas mas a ideia de pequeno almoço da Sarah, Jo, Leah, Abi e Eli é uma sande fria de queijo e alface...Que tristeza...
Bruxelas (depois do famoso café) começou a ter outro encanto, acreditem. A praça central é extremamente cosmopolita e os edifícios da cidade reflectem a riqueza histórica do seu passado. Eu e a Sarah decidimos que o objectivo da viagem não era passar o dia no pub a beber, e fomos ver os museus da cidade. Um dia bem passado, sem dúvida, apesar de não sentir as pernas quando finalmente cheguei aos halls da universidade. Curti! (A única coisa que me falta aqui são os meus amigos, para esta aventura ter o verdadeiro sabor de aventura:() Miss u a lot guys:(

quarta-feira, 12 de março de 2008

Maastricht à tarde


Ontem fui conhecer a cidade. Eu e as britas, claro, que os americanos andam em manada e não querem nada connosco. Fomos também a um museu, a meio caminho entre Maastricht e Aachen, a cidade alemã mais próxima. Muito giro, o museu de arte africana. Tivemos também direito a um workshop para aprender a tocar djambé e os ritmos tradicionais. Uma hora de workshop resultou em mãos com nódoas negras e dedos inchados (acho que me entusiasmei um bocadito...). Mas, a partir de agora, posso considerar-me uma expertise em matéria de djambés e prometo já que no próximo concerto de Vilar de Mouros, lá estarei, sentada no chão no meio das tendas, a mostrar a minha "técnica". hihihihihihih

1º dia de aulas

Pronto. Isto é só um sonho mau e eu vou acordar na minha cama, no meu quarto de hospital. Vou perceber que nada disto é real. Vou... Bem, acho que não vale a pena estar com rodeios: de alguma maneira eu estou na América, numa sala de liceu daqueles que se vê nos filmes, com direito a cheerleader e tudo! A minha turma tem 17 alunos (é a maior dos quatro modulos que podíamos escolher), 15 americanos, eu e a Sarah, a galesa que veio comigo de Glamorgan.... E eles são tão... americanos! Sério, ainda agora comecei e já preciso de férias. Começo a ficar feliz por estar no 4º andar sozinha! Help!

1º dia - 8 de Março/08


A cidade é, sem dúvida, linda! Muito ampla, limpa e cheia de espaços verdes. Repleta também de... bicicletas. Pensei que as pessoas exageravam, mas não: bicicleto-mania é mesmo uma doença holandesa. A cidade é praticamente plana, o que torna tudo muito mais fácil. Até os velhotes andam de bicicleta! E na viagem de autocarro para a universidade passei por uma escola primária... com o seu próprio parque de estacionamento para as bicicletas pequeninas! LOL
A universidade fica numa zona mais calma da cidade, e é bastante grande. Disseram-me que o edifício foi, em tempos, um hospital. Olhando bem para os corredores... bem, torna-se um bocado creepy pensar nisso, mas a verdade é que mesmo o meu quarto tem qualquer coisa de... quarto de hospital.
Cheguei sozinha, as outras 6 raparigas da Universidade de Glamorgan vieram mais cedo... E puseram-me, sozinha, no quarto andar! O meu quarto é enorme, tenho TV e frigorífico mas não consigo apanhar sinal de net...:( E a vida sem internet é quase impossível, é como faltar um pedacinho de nós)... Bem, talvez esteja a dramatizar um bocadinho mas a verdade é que preciso mesmo de internet... Socorro! Alguém me ajude!

Praise to the Fokkers!


Cheguei! E a viagem correu tão bem! Não sei se foi por estar com muuuuito sono ou se realmente é assim, só posso dizer que os fockers são uns aviões do c....lho! Qual boings, qual quê! Aterragem e descolagem do mais suave que eu já vi (e senti), uma maravilha! Bem, a verdade é que o Fokker que me trouxe de Amersterdam para Maastricht mais parecia uma avioneta...
Quando cheguei a Maastricht fui informada que não fazem câmbios no aeroporto... Levantei dinheiro para pagar ao motorista do autocarro e acho que ele me rogou 500 pragas em holandês porque não tinha troco para a nota de 50€ que lhe dei. Mas o importante é que cheguei, e o resto... fokker it!

Maastricht - preparação da viagem

Finalmente... Ando a planear esta viagem à meses (o que não quer dizer que não tenha feito tudo à última da hora)... As coisas não começaram muito bem; ainda em Treforest perdi o comboio para o aeroporto (já sei, amigos, minha culpa) e tive que gastar alguns pounds extra no táxi. Dinheirinho que me fazia bem mais falta aqui, nesta linda cidade, com tanto que ver e comprar...
Acho engraçado o negócio dos táxis em Gales... É como ir à feira em Portugal e regatear o preço das coisas com os feirantes. Os taxistas são quase todos marroquinos e atiram números para o ar a ver se cola... Das £30 que me pediam a princípio baixaram para £22, o que não é mau de todo e me fez sentir um bocadinho melhor. E. já agora, obrigada Ricardo, Titus e Francisco, por terem esperado comigo uma hora ao frio. Valeu, amigos!
(A verdade é que do entusiasmo inicial de ir para Maastricht pouca coisa ficou. Gut feeling que não devo ir, sei lá. Espero estar enganada...)

domingo, 20 de janeiro de 2008

Behind my doors

Criámos tantas vezes rotas diferentes daquelas que sonhamos, rasgámos tantas vezes do mapa os locais que fizeram parte dos nossos dias. Não foi de propósito que abandonámos os sonhos, nem tão pouco quisemos fechar as portas do passado, ou fechá-las a quem passou por nós. E são as marcas dos outros que quardamos no bolso, e que abrimos, às escondidas, behind our doors…