terça-feira, 28 de junho de 2011

Apoiar a luta dos trabalhadores dos ENVC

Não foram apenas os trabalhadores deste país que aprenderam com os erros do passado; também os gatos gordos, sentados nas suas cadeirinhas almofadadas, souberam evitar pisar pedras soltas, que podem eventualmente conduzir a vitorias da classe trabalhadora. A economia mundial tornou-se um jogo de xadrez, jogado por uma minoria que nunca saberá o que é náo ter pão na mesa. Estes senhores, especuladores da banca, representantes dos grandes mercados mundiais, têm o mundo nas mãos. A politíca tornou-se o "culto" dos mercados, cada país a baixar as calças mais e mais à espera dos favores dos mercados, das migalhinhas que, se caírem cá, nunca chegam ao povo. E eles falam de uma dívida que todos nós temos que pagar. Porque vivemos uma vida de luxo, porque vivemos mais anos (crime!) e não temos dinheiro para as pensões! Esquecem-se de dizer que esta dívida foi criada pela ganância tão própria do capitalismo, pelo dinheiro injectado nos bancos de que nunca veremos um cêntimo, pela especulação global sobre os preços dos alimentos ou a quantidade de chuva que cairá no próximo ano. Porque estes senhores, tão ricos, podem dar-se ao luxo de jogar com coisas tão fúteis como isto. Não nos deixemos enganar pelo que ouvimos na televisão e no rádio: ESTA CRISE NÃO FOI CRIADA PELO POVO!
Eu nasci e cresci em Viana, onde os ENVC foram sempre um exemplo vivo de luta pelos direitos dos trabalhadores, com um sindicalismo forte. Tanto que, nas conversas que mantenho com trabalhadores do país onde agora moro, sempre o usei como um exemplo de união e força. E vitórias. Acreditem, comparado com a maioria dos locais de trabalho, os Estaleiros têm muito de que orgulhar. Mas não sejamos ingénuos e acreditemos que esta redução de trabalhadores pela metade têm em vista "salvar" a empresa. Não, definitivamente, não tem. Como eu disse no princípio, também os patrões aprenderam com os erros, e é muito mais fácil reduzir os trabalhadores agora, dividir a sua força, de que encerrar a empresa por completo imediatamente. O problema é, esse será o próximo passo. 340 trabalhadores têm muito menos força que 800, e no prazo de um ano ou dois, eles livram-se do problema muito mais facilmente do que presentemente. è por isso que é tão importante que a cidade, não só os trabalhadores, se unam nesta luta, porque esta é uma luta da cidade, não de uma empresa. Os ENVC não são viáveis? Dão prejuízo? Possivelmente não dariam se houvesse uma gerência responsável, uma modernização da maquinaria e um investimento consciente no futuro da empresa. Infelizmente, não poderei estar presente na demonstração, por me encontrar noutro país (e depois perguntam porque tantas pessoas emigram...). Estarei, no entanto, a fazer o mesmo no Reino Unido, estarei à porta das empresas e serviços públicos que os mesmos gatos gordos pretendem fechar, pelos mesmos motivos que em Portugal. Na próxima quinta-feira haverá uma greve convocada por 3 dos sindicatos da função pública e eu estarei ao lado dos trabalhadores que, também aqui, não conseguem perceber como é que fechar empresas e aumentar o número de desempregados vai ajudar a economia..Estarei, no entanto, de coração, convosco.... Força, camaradas!