domingo, 27 de abril de 2008

Folhas soltas

De todos os livros que li, ficou-me a saudade das palavras.
Das palavras reais.
Do percurso destas no silêncio do eco.
Do seu caminho ondulante a sair dos lábios, a entrar por mim, a colher sorrisos.
De todos os livros que li, ficou-me o sabor a pouco dos gestos.
Faltou o toque.
A textura da pele na ponta dos dedos.
O calor dos outros...
Em todos os livros que li aprendi outros mundos.
Faltaram os meus.
Busquei-os....
De todas as páginas corridas na sofreguidão do desenrolar ficou a página dobrada quando o livro me caiu do colo.
Ficou a mancha de café derramado impressa para sempre...
De todos os livros que li, ficou o vazio eterno da tua ausência...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

The little things give me away...

Eu devia dar mais atenção às palavras.
Não aos gestos.
Não aos olhares que se cruzaram num milésimo de segundo da realidade ou numa porção mínima de tempo da minha imaginação.
Eu devia dar mais atenção às palavras.
Devia escutar os discursos bonitos, perder-me nas perguntas estudadas, nos interesses vulgares. Devia, acima de tudo, ignorar o que os gestos mostram, as acções dizem, os olhares calam.
Deveria, sem dúvida, esquecer-me do que vejo, do que sinto, do que sou...
Eu devia dar mais atenção às palavras...

sábado, 5 de abril de 2008

Voar


Sentada numa cadeira no aeroporto de Maastricht, enquanto espero pela hora de embarque para Amesterdão, constato que tenho uma vida maravilhosa. A possibilidade de viajar pelo mundo, de conhecer lugares e pessoas, culturas e línguas... E, nestas viagens solitárias, descubro que não tenho amarras... Não, apesar de tudo o que deixo para trás, da dor da saudade quando o coração pára para pensar... Mas o que fica vale a pena. E vale a pena deixar para trás o chão seguro, os portos estáveis e rotineiros. Voar. Bem alto. Bem longe. Sabe tão bem voar... E, quando volto, quando pouso novamente os pés em terra, meus horizontes aumentaram, meu mundo abriu-se dentro de mim. Ou abri-me ao mundo para receber tudo o que tem para me dar. Não me quebro por religiões. Morais. (Pre)conceitos. Vivo os meus dias com a certeza do presente, a incerteza do que me espera amanhã. E há tantos amanhãs à minha espera... E hoje sou feliz.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A queimar os últimos cartuchos


As aulas acabaram hoje e, a dois dias de ir embora... eu não quero! Quero antes ficar aqui, não ter que cozinhar, nem limpar, nem correr para apanhar comboios todos os dias. Quero a boa vida! Snif, snif...
Fiz anos aqui e a Leah também. Desde o fim-de-semana passado que temos andado a comemorar... O que significa que todos os dias (ou quase todos) temos saído, ou para beber uns copos nos bares ou para comer pizzas no take-away da esquina. Tem sido giro. E gostei imenso da minha pseudo-festa de anos...
Bem, vou arranjar-me para sair, hoje é noite de queimar os últimos cartuchos e, amanhã, noite de fazer as malas... Com mais algumas experiências na bagagem... I'm going home.